domingo, 26 de junho de 2011

O NINHO DE VESPAS

Macapá 01 de outubro de 2010


O NINHO DE VESPAS






Sentado na calçada - lugar onde os sentimentos morrem no corredor escuro do horizonte-, com os cotovelos enterrados nas pernas, as mãos servindo de apoio para o queixo, ele observa a aproximação simultânea de cúmulos e cirros invadindo e quebrando sua alegria. Agora a mente ocupada com pedacinhos negros de destruição – de si mesmo- via o futuro planejado sendo desagradavelmente arrancado da parede dos seus sonhos.


Aumentava o cobertor que enfraquecia a sua felicidade e num turbilhão violento de tristeza chegava à tempestade – que lhe secava a boca de modo bem diferente. Não enxergava, apenas sentia – talvez seja bem pior. A nuvem difusa pairava na sua mente, lhe trazia pensamentos apagados, distantes. Como o raio que fere a madrugada, mergulhou imponente nos pensamentos e algo aconteceu.


Para uma criança de nove anos, a realidade gera cicatrizes terrificas. Incompreensíveis. Consciente que a tristeza do passado ainda fere o coração, por um minuto ele não vacilou, mas o medo do futuro explodiu dentro de si. As lagrimas o enterravam. Ele não sabia, mas a alameda da mágoa –que rangia dentro de si e o sufocava- é o seu playground, e porque não seu halloween.


Ronan D’arte



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