segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Adhaesit anima mea pavimento


Dante perdido na floresta (Canto I). Ilustração de Gustave Doré (século XIX).




Expulso do céu, aqui estou, gelidamente estendido sobre o solo. Esculpindo modestamente um novo caminho que me faça andar de copo ereto e para melhor escultar os conselhos da minha razão. “Flor que se abre e definha mercê do mesmo Sol que a fizera vingar”


Um gesto humilde no meu recito, a frase que escrevi ao cria uma poesia, isso e tudo mais atrozmente faz surgir memórias mortas que se afloram com a simplicidade. As lembranças fazem pungir minha alma, abrindo lápides e sepulturas que eu homem caído almeja desprezar.

Como eu disse, é um caminho a ser esculpido, necessito galgar cada degrau, para que um pé possa seguir o ritmo do outro por igual e que minha pobre cabeça aga de acordo com meu spiritu.


A origem é um vício e zelo muitíssimo antes de apressar o passo, e quanto mais avante consigo ir, posso verdadeiramente distinguir quais os momentos que a inquietude se apoderou de mim.


Anelo cumprir minha sentença nesta estrada que me esclarece a alma, não negligencio o prejuízo estupido que tive, porém é com lagrimas que consigo perdão. Minha alma rojou-se ao pó, para crear um solo em que eu consiga deixar meus pés firmes.



Ronan D’arte
18/09/11

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Thalles Roberto

Thalles no Amapá



Para aquele que longe de Deus teve o seu coração manchado e pelo pecado foi coberto...

Mas um dia ele arrependeu-se  e chorou de braços abertos...

E com a tristeza já transbordando no coração, ele deu um berro...

Então Deus inclinou-se para ouvir o seu filho...


Thalles Roberto.


Na Universidade




No corredor da Universidade Federal do Amapá, perto do gramado limpo, alguém lê o seu  livro de 300 e tantas paginas, e  o seu óculo estilo John Lennon  insiste em escorregar pelo seu nariz triangular.

Ele passa paulatinamente de uma folha  à outra, como quem deseja que o tempo dure por séculos e séculos.

Não olha os transeuntes, para ele estão cobertos de infinita corrupção, e essa malevolência  pode macular o espírito apenas por observa-la. Então ele continua a folear fatidicamente   a sua Divina Comédia, mesmo com o revolutear dos cabelos sobre a face.

Como um santo sem valor, permanece  por horas, sentado no banco verde, um verde acadêmico e monótono, construído apenas como algo que tinha que ser feito.

É de tarde, e não há tratamento para o insuportável calor amapaense. Mas para o leitor fatigado isso não passa de um problema aparente. Talvez seja pela sua magreza que escoe o calor de maneira tão rápida.

Sua mirrada aparência e individualismo excessivo denuncia que ele assim como nós é definitivamente amapaense.



Ronan D’arte
07 de setembro de 2011

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O Amor do Sol




Pelo desejo malicioso de uma criança nasceu o Divino Amor.
Apolo, o deus de todas as maravilhas, teve o seu coração ferido. E esta ferida jamais cicatrizará.

Com Carmim envolve-se a paixão, e a contragosto, numa seta dourada, ela foi habitar no núcleo do Sol.

 O coração de Apolo, que inclinou para a excelsa ninfa, que carrega no peito o desamor plúmbeo.

A seta de chumbo do cupido no coração de Dafne; no de Apolo, ouro que sol algum derreterá.

“ Assim voaram o deus e a virgem: ela com as asas do medo; ele com as do Amor.”


Apolo!
Os raios do teu amor clarearam distancias e mais distancias, luzindo até o fim do mundo...
Aquecendo-o.

Todavia, ela como um espírito invisível  permanece enregelado, como pedra neutra no fundo d’oceano.
Apenas tu não percebeste.

Então ela resolveu lançar raízes sobre a terra. Curvou-se ao silencio e a inercia. Que apenas o vento poderia ser livre para balançar os seus cabelos e murmurar nos ouvidos.


Apolo!
Tu beijaste a madeira enfim,
Porém, até os ramos
Afastaram-se dos
Teus lábios.





D’arte

Santana-AP.
02/09/2011









quinta-feira, 1 de setembro de 2011

As Amoras de Shakespeare




Ô poeta,
Tu que decidiste morrer...
Quem ocultou a fenda de Píramo e Tisbe se não tu mesmo...
Teu coração, o véu dela ensanguentou, e na desventura que tua carne tem,
Num instante feriu o coração com uma espada.

Tu correste num terreno alheio,
Negaste o perigo.
E entre uma loba e tua amada a morte arrastava os seus passos.

Lembra-te quando os lábios selavam a parede, e o coração se arrebatava deixando-os vivos?
Envolvia-os a paixão sem suplica, a beleza do amor  numa greta murmurava.



 D'arte

 01/09/11