quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Na Universidade




No corredor da Universidade Federal do Amapá, perto do gramado limpo, alguém lê o seu  livro de 300 e tantas paginas, e  o seu óculo estilo John Lennon  insiste em escorregar pelo seu nariz triangular.

Ele passa paulatinamente de uma folha  à outra, como quem deseja que o tempo dure por séculos e séculos.

Não olha os transeuntes, para ele estão cobertos de infinita corrupção, e essa malevolência  pode macular o espírito apenas por observa-la. Então ele continua a folear fatidicamente   a sua Divina Comédia, mesmo com o revolutear dos cabelos sobre a face.

Como um santo sem valor, permanece  por horas, sentado no banco verde, um verde acadêmico e monótono, construído apenas como algo que tinha que ser feito.

É de tarde, e não há tratamento para o insuportável calor amapaense. Mas para o leitor fatigado isso não passa de um problema aparente. Talvez seja pela sua magreza que escoe o calor de maneira tão rápida.

Sua mirrada aparência e individualismo excessivo denuncia que ele assim como nós é definitivamente amapaense.



Ronan D’arte
07 de setembro de 2011

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