No corredor da Universidade Federal do Amapá, perto do gramado limpo, alguém lê o seu livro de 300 e tantas paginas, e o seu óculo estilo John Lennon insiste em escorregar pelo seu nariz triangular.
Ele passa paulatinamente de uma folha à outra, como quem deseja que o tempo dure por séculos e séculos.
Não olha os transeuntes, para ele estão cobertos de infinita corrupção, e essa malevolência pode macular o espírito apenas por observa-la. Então ele continua a folear fatidicamente a sua Divina Comédia, mesmo com o revolutear dos cabelos sobre a face.
Como um santo sem valor, permanece por horas, sentado no banco verde, um verde acadêmico e monótono, construído apenas como algo que tinha que ser feito.
É de tarde, e não há tratamento para o insuportável calor amapaense. Mas para o leitor fatigado isso não passa de um problema aparente. Talvez seja pela sua magreza que escoe o calor de maneira tão rápida.
Sua mirrada aparência e individualismo excessivo denuncia que ele assim como nós é definitivamente amapaense.
Ronan D’arte
07 de setembro de 2011
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