Inferno (lúcifer) - Ilustração de Gustavo Dore |
Conforme narra nossa cultura ocidental e alguns pensamentos submersos na insônia, esperava eu (com temor dantesco no coração) encontrar uma turba cruel de demônios satisfazendo-se divido os constantes ferimentos e mutilações infligidas nas pobres almas que ali se encontravam.
Triste engano. O inferno em nada se assemelha com o fundo de um poço ou um tipo de caverna vulcânica retratada nas obras artísticas. Não há chamas, nada disso é verdade.
Os passos meus perdiam as força (mesmo caminhando por pouquíssimo tempo) sem encontrar um caminho exato para seguir. E agora, mais do que nunca a horizontal linha telúrica tornou-se impossível de fitar.
Sem animo, sigo adiante... à frente o deserto... recoberto por poeira. Angustiante é sentir a ausência do ar nos pulmões e o desejo humano de pranto. Aqui nenhuma manifestação de sentimento é permitida.
Por mais contraditório que parece o frio nos invade por completo, enregelando qualquer sinal de esperança que ouse nascer no coração.
A solidão é o principal suplicio. Ausência de pessoas e os seus gritos de gritos lancinantes. A única cena real que o pensamento humano conseguiu imaginar foi o céu coberto de trevas (uma típica cena de juízo final). Esmagando-nos com sua escuridão, com a inexistência de um Deus julgador.
Ronan D’arte.
Texto experimental para “as cartas do inferno”
Nenhum comentário:
Postar um comentário